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Equoterapia: Uma abordagem terapêutica e educacional com cavalos

Por Vitória Caroline Santos Raymundo (foto),
Giovana Arthuso e
Fábio Arthuso*

O que é a Equoterapia?
A equoterapia é uma abordagem terapêutica e educacional que utiliza o cavalo como recurso para promover o desenvolvimento físico, psicológico, social e educacional de pessoas com necessidades especiais. Essa prática interdisciplinar combina princípios de fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, e fonoaudiologia, adaptando atividades de equitação para atender a demandas terapêuticas e educacionais específicas (Fortes; Dias; Dias, 2005).

Origem e desenvolvimento da Equoterapia.
A prática terapêutica com cavalos começou a ganhar destaque no século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando foi utilizada para reabilitar soldados feridos. Nos anos 1950, Liz Hartel, medalhista olímpica em hipismo e sobrevivente de poliomielite, trouxe reconhecimento mundial aos benefícios terapêuticos da equitação. Sua história inspirou estudos na Alemanha, Inglaterra e França, que impulsionaram a criação de práticas mais estruturadas (Leitão, 2008).

Na década de 1960, a equoterapia foi formalmente reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, como prática terapêutica. Desde então, a técnica evoluiu, incorporando abordagens interdisciplinares e sendo adaptada para atender a condições como paralisia cerebral, autismo, síndromes genéticas e transtornos emocionais. No Brasil, a equoterapia foi introduzida nos anos 1980 e regulamentada em 1997 pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL). Desde então, a prática tem crescido, com estudos científicos comprovando seus benefícios, como melhora do equilíbrio, tônus muscular, coordenação motora e autoestima (Barbosa; Munster, 2014).

A importância da Equoterapia na Terapia Ocupacional?
Na terapia ocupacional, a equoterapia desempenha um papel crucial ao oferecer um ambiente terapêutico único, que combina estimulação sensorial e interação motivadora com o cavalo. O movimento tridimensional do cavalo é similar ao padrão de marcha humana, promovendo integração sensorial e fortalecendo a musculatura. Isso auxilia no equilíbrio, na coordenação motora e no controle postural (Filho et al, 2018).

Atividades como montar, conduzir e cuidar do cavalo estimulam habilidades motoras e práticas, que podem ser transferidas para as atividades da vida diária (AVDs), como vestir-se. A interação com o cavalo e a equipe terapêutica fortalece habilidades sociais, melhora a comunicação, além de elevar a autoestima e a confiança. O cavalo cria um ambiente dinâmico e motivador, incentivando o engajamento em atividades que muitas vezes seriam vistas como desafiadoras ou repetitivas em contextos tradicionais (Filho et al, 2018).

Áreas de aplicação

A equoterapia é aplicada para atender uma variedade de condições, incluindo:

• Paralisia cerebral: Promove fortalecimento muscular e equilíbrio postural (Filho et al, 2018).

• Transtornos do Espectro Autista (TEA): Facilita a integração sensorial e o desenvolvimento social (Castilho et al, 2018).

• Síndromes genéticas (como Síndrome de Down): Melhora a coordenação motora e habilidades adaptativas (Copetti et al, 2007).

• Traumas neurológicos: Estimula a recuperação funcional e emocional (Sanches; Vasconcelos, 2010).

• Déficits de aprendizagem ou emocionais: Fortalece a atenção, o controle emocional e a resolução de problemas (Barbosa; Munster, 2014).


A equoterapia é uma abordagem terapêutica rica e versátil, capaz de promover mudanças significativas na qualidade de vida de seus praticantes. Para a Terapia Ocupacional, representa uma ferramenta poderosa, que une o potencial terapêutico do cavalo às técnicas profissionais para atingir objetivos específicos e integrativos.


*Vitória Caroline Santos Raymundo é estudante de Terapia Ocupacional, com formação em Análise do Comportamento Aplicada;
*Giovana Arthuso é estudante de Terapia Ocupacional, com formação em Integração Sensorial Básica;
*Fábio Arthuso é Terapeuta Ocupacional, Doutorando em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação pela FCM-UNICAMP, Mestre em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação pela FCM-UNICAMP, Especialista em Tecnologia Assistiva e Certificação Internacional em Integração Sensorial. (CREFITO 3/6812)

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